quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Não negue amor, por favor. ♡

Na minha casa sempre me obrigaram a esconder o amor... o tempo todo. Sempre uma frieza, um sorriso amarelo e um olhar fosco. Não que não houvesse amor, mas ele era enrustido. Havia amor nas brigas, nas festas, na mesa enquanto todos jantavam juntos, escondido em todos os espaços da casa.

E hoje, depois de guardá-lo por tanto tempo, é natural que eu saia por aí espalhando amor, dizendo amor, sorrindo e escrevendo amor. Não sei mais ser contida, nem pensar mil vezes antes de dizer que gosto de alguém. Eu até consigo, mas o amor fica querendo sair por cada poro do meu corpo... e vira uma luta desagradável essa de não dizer. Não poderia ser assim. As pessoas não deveria fugir ou se fechar ao ouvir que outras se importam, pelo contrário, deveriam deixá-las mostrar o que são capazes de fazer para dividir esse carinho.

Como é que eu vim parar nesse mundo estranho, onde sentimento bom é uma coisa que deve se esconder, negar e evitar? Como podem tentar me ensinar que o amor é como um crime, quando eu vim ensinar que amor é tudo? Por que é que eu vim parar justo aqui, nesse lugar que fede hipocrisia, grita solidão e ecoa vazio, onde ninguém resiste à qualquer sinal de dependência emocional, por mais pura que seja? Pra que negar, fugir, se calar? Amar é bonito, sabia?! É leve.

Sentimentos foram feitos para serem sentidos, e não para serem escondidos debaixo da dor e do medo.

Deve ter mais gente que caiu nesse planeta solidão por acaso e não entende de fingir. Não é possível!
Você vê? Isso que foi ensinado de negligenciar amor e carinho é coisa de quem não tem nada de bom pra oferecer. Porque todo mundo, lá no fundo, quer esse amor de graça que só parece existir em mim.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Solitude is Bliss

E eu me sinto a pessoa mais sozinha desse mundo. Não tenho assunto pra ninguém, e não pareço fazer falta nenhuma... além de uma preguiça imensa de me impor. Não quero fazer esforço nenhum pra existir pro mundo. Pra que vou me aproximar se fatalmente irei sofrer? Pra que me interessar se sei que não será recíproco? Pra que viver se eu posso ir levando uma vida medíocre, fingindo esquecer o motivo que faz as pessoas acordarem todos os dias e tentarem, mais um dia, encontrar um complemento para ser feliz?

Se desistir do mundo já é difícil, imagine desistir de si mesma e do mundo, de si no mundo. Desistir de tudo o que é pela metade: sorrisos pela metade, cumprimentos pela metade, vidas pela metade... Se não for inteiro, não me interessa. Mas a gente não pode deixar pra trás tudo o que ainda não teve tempo de se formar: uma hora isso me deixa pela metade também, e eu não quero ser deixada de novo. Não posso desistir assim.

Mas eu sei que o mundo está cheio de pessoas esburacadas... o que as move é a busca pelo revertério. Elas vão se preenchendo de música, de comida, de bebidas, de academia, de festas, de gente... porque no fundo elas têm fé no que chamam de amor. Nem que seja o amor próprio. Buscam por algo que esconda a realidade fria, mesmo que seja por alguns segundos ou mais. E o que atrai os outros? Inconscientemente, é exatamente isso, essas pessoas parecem ser tão repletas de amor e alegria que despertam fascinação e vontade de estar perto. Por mais que não estejam repletas de verdade, e por mais que também estejam a procura disso. Mas ninguém precisa saber, não é mesmo?!

Ser sozinho não é só quem acorda numa casa vazia, sem luz e sem cachorro. Ou que vaga sozinho chorando pelas ruas sem ter pra onde ir e sem ter quem o pergunte aonde quer chegar. Não é só quem não tem amigos ou família por perto.

Tem aquele sozinho que passa o dia entretendo o mundo e não tem ninguém pra agradecer, porque é só mais um malabarista que pede moedas em troca de arte e sorrisos, mas é visto como um chato que interrompe conversas no celular e atrapalha o trânsito. Tem também aquela sozinha que é a moça misteriosa da empresa e troca olhares com meia dúzia de caras, fazendo as mais tímidas desejarem seu lugar, mas que chega em casa e só queria um cafuné e um abraço quentinho. E isso, olhares de desejo não oferecem.

Solidão todo mundo sabe o que é e já experimentou pelo menos uma vez na vida. Tem gente que se rende, tem gente que foge. Mas nem a solidão gosta de ficar sozinha! Muitas vezes ela traz o medo, a angústia e a dor, fazendo parecer terrível a sua existência. Fere os mais vulneráveis. Mas e quando a solidão decide ficar sem machucar? Talvez, eu ficar sozinha seja o melhor pra todo mundo. E enquanto eu sentir isso, permaneço aqui, no papel... vomitando medos através dos dedos.

Quando a solidão toma conta assim de alguém, sem dar outras alternativas, passa a ser mais de uma solidão. É plural. Solidão de gente, de espaço, de vida... plural de solidão é vazio existencial. Mas eu ainda estou viva, não estou?! Só me falta somar ao invés de substituir, e viver ao invés de escrever.

Agora me dá licença! Vou até ali fazer diferente.

Aline Spitzer.

domingo, 10 de agosto de 2014

Saudade é não saber... (carta ao meu falecido pai)

Nunca pensei que te escreveria esse carta, mas hoje é Dia dos Pais e por coincidência, seria o seu aniversário... então, eis-me aqui! Com caneta, papel e ideias soltas.

Gostaria que pudéssemos estar frente à frente, porém, não nos é permitido. Talvez eu nem conseguiria te dizer nenhuma palavra, mas aqui as minhas lágrimas não são visíveis. Aqui minhas emoções são quase imperceptíveis, camufladas pela composição dessas linhas que se seguem.

Depois de anos, hoje desfaço o nó da minha garganta, pra te escrever sobre minha saudade e da falta que sinto da sua presença física. Em muitas situações tive vontade de correr para os seus braços, e na falta deles, me aninhei no vazio que me consumia a alma. Quantas noites, no silêncio do meu quarto, eu senti a sua presença. Você mesmo ausente, se fazia presente dentro de mim. Quem dera eu tivesse o dom de te trazer de volta pra perto de mim, sem tempo de permanência. Quem dera eu pudesse ter de volta os teus afagos...

Quanto sorriso perdido, quanto passeio anulado, quanto abraço desviado... é uma saudade que jamais acaba, e que sempre aperta o peito.

Não é a dor que quero entender, essa dói e pronto, mas esse mistério de duas almas que não se tocam no físico e têm quase uma unidade na imortalidade.

Tenho orgulho de ser sua filha, e ainda mais de ser sempre reconhecida como "a filha do Claudio". Por sermos tão parecidos, por eu ser sua versão feminina, sangue do teu sangue.

Pai, tua lembrança ainda é viva dentro de mim. E em cada dia que amanhece, uma gota de saudade é acrescentada ao meu coração. Saudade é não saber o que fazer com os dias que ficaram mais longos, não saber como encontrar tarefas que distraiam os pensamentos, não saber como frear as lágrimas diante de uma lembrança sua, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e mesmo assim doer.

Sinto sua falta, pai.

Aline Spitzer

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Férias de mim

Cheguei no meu limite. Resolvi tirar férias de mim mesma. Férias das dores e dúvidas que me derrubam, das ilusões que me levantam, já que tudo isso é temporário. O fato é que viver assim de pouquinho às vezes cansa. Viver esperando cada novo dia, cada novo olhar pra saber se posso ser feliz, não me faz feliz de verdade. Um sorriso e um dia bom é positivo, consigo até dormir à noite. Mas basta um cumprimento não correspondido que já acho que está tudo errado.

Mas aí eu penso: se eu fico tão bem quando não dependo de opiniões, atitudes e gestos, por que insisto em deitar nos braços do mundo e me deixar desabar?

Não existe ninguém que possa me compreender hoje, e ter essa consciência muda o humor, muda as opiniões, muda as vontades. Aliás, vontade de quê? Na verdade, as pessoas não me fazem bem, minha idealização delas me engana por um momento, e eu saio péssima das relações que eu mesma invento. No fundo eu sei que a culpa é toda minha, da minha teimosia em acreditar que eu ainda posso ser feliz.

Sabe o que é? O fantasma da obrigação de agradar a todos está me seguindo há anos. Talvez se eu tirar férias de mim mesma, de todas as promessas que faço, de tudo o que eu me cobro todos os dias do ano, e que depois me cobro por não ter tido tempo de cumprir nada. É, talvez resolva.

Eu cansei de não me satisfazer comigo mesma, não me guardar pra mim. De estar sempre vazando pelas beirada, escorrendo pelas laterais. De precisar de opinião alheia por tentar ser tudo ao mesmo tempo e esperar um pouco de reconhecimento por isso. É tanta coisa aqui dentro, tanta coisa que eu tento melhorar, tanta coisa que eu tenho que aprender... não me abro pra qualquer pessoa, e quando faço não me dão o valor que eu penso merecer.

Mas ei, qual o problema? Não adianta chegar numa festa barulhenta, cheia de gente e querer conversar, achando que antes do cara querer sugar um pouco da minha alma ele deva saber que não sou mais uma dessas mulheres vazias que nem sequer têm uma alma pra ser sugada. Tem mais que vento dentro de mim. Mas não faz diferença eu agir como uma pessoa superficial e depois explicar para todo mundo que eu não sou.

O fato é que eu sempre me arrependo de sair e frequentar lugares, muitas vezes que não têm nada a ver comigo. Mas o que eu posso fazer se eu tenho essa necessidade fútil de ser vista? Se fico em casa, me sinto anulada. Preciso da opinião dos outros, de aprovações e elogios. E quem precisa saber? Por que é que eu me importo tanto com quem não me conhece?

Só sei que ando dedicando meus dias pra gente que nem sabe que eu existo.
Mas hoje não vou fazer isso, vou tirar férias de mim. Não vou mais ceder, não vou me preocupar, não vou passar o resto da minha vida fingindo que acredito na minha liberdade.

Eu sei que o que acomoda não é fácil de mudar, mas alguém um dia tem que dizer chega né?!
Pras coisas mudarem e o mundo girar.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Para e olha pra mim



Todo o amor que sufoquei por puro excesso de razão agora transborda, vaza, escapa, grita!
Estou só numa multidão de amores?

Eu não procuro alguém para pertencer e ter posse...só quero uma fonte segura de amor e carinho, que não dependa de obrigações, de falas decoradas e scripts prontos.

Hoje demonstro minha fragilidade, meu desamparo. Sei que abri mão de muitas oportunidades e que fiz pouco caso do amor que já me entregaram de maneira pura. Mas se pessoas estão sempre indo e vindo, então por que não vem alguém minimamente eterno em sua duração? Alguém que me fizesse parar de achar normal essa coisa de perder as pessoas pela vida.

Estou de partida, malas feitas e portas trancadas. Fico com aquela ideia de ir embora esperando que alguém me peça pra ficar. E no fundo me vem a vontade de dizer: "Ei, me impede de ir. Fica bem parado na minha frente e me diga que eu tenho um lugar por aqui, que não preciso fugir toda vez que a solidão me derruba. Me ajuda a levar uma vida feliz, afinal, é só vida". Mas aí acabo ficando calada, porque não faz sentido dizer tudo isso sem ter pra quem.

Eu quero um olhar só pra mim. Não alguém pra chamar de meu, como diz o clichê. Mas um par de olhos que me faça ficar sem nenhuma palavra, nada além de um olhar que seja meu por puro encaixe.

Quero algo certo como o frio na barriga, a respiração travada e o coração esquecendo de bater. Quero algo que me faça bem só por escapar do caminho óbvio que faço todas as noites. Uma espera no fim do dia, sabe? Essa espera. Não a espera de uma vida toda sem saber o que buscar pra ser feliz.

Nessa multidão de amores, sozinho é aquele que não espera.

Aline Spitzer

domingo, 22 de junho de 2014

Silêncio...

Por favor, permita-me desfalacer...
Desfalecer enquanto escrevo sobre as coragens que eu não tenho. Deixe-me ir quando você não tiver mais disposição para ficar. Tente aceitar minhas falhas que me limitam e me definem, mas diga o que for preciso para me corrigir. Me deixa chorar pela incompletude desses dias que nunca passam, mesmo que minha solidão seja incompreensível, mesmo que seja bobagem.


O telefone não toca. E se você não conhece o desespero do silêncio, aceite apenas.

Perdoe a minha indelicadeza no convívio humano. O que me falta é a consciência de amar, o que me sobra é o medo de ser mal entendida. Tenho algumas limitações bobas que não se definem com palavras existentes ou explicações certas. Não sei o motivo, não sei o que, não sei como. Não explico, nem me importo. Apenas sou. Isso podia bastar.

Só sei que eu ando sorrindo mentiras por aí. Criando novos eus, como se só tivesse a possibilidade de ser verdade ao lado de alguém. Isso é coisa de gente que se ilude, eu sei. Gente que espera o aval dos outros pra ser feliz. Mas é que me dá uma angústia, um aperto... como se todo dia fosse segunda-feira.

Aí você me pergunta se eu não tenho coração. Eu tenho. Se você não consegue ouví-lo é porque não faz ele bater. Se consegue ouví-lo, nem que seja um pouco, é sinal que ele implora pelo seu carinho nesse ritmo desenfreado que dá quando você está por perto. Consegue ouvir?
Só não permita que a sua indiferença silencie o meu coração...

Sabe, eu espalhei muito sorriso à toa. Queria ver se algum deles prendia alguém no canto dos lábios. Mas acho que não funcionou. Ainda tenho alguns guardados, chorosos, quase desistentes, quase sem motivos... só esperando valer à pena escapar pelos olhos.

terça-feira, 6 de maio de 2014

O quanto sei de ti


Sei que ainda espera por mim naquele mesmo portão enferrujado. Sei, também, que ainda me encontra dentro daquelas músicas que ouvíamos juntos. Sei que continua lendo meus textos despudorados e que neles, ainda procura algum indício do nosso amor. Sei que ainda se lembra das minhas caretas, agora sem graça. Sei que ainda lembra daqueles dias infinitos que ficávamos debaixo do edredom...

Sei que sente falta das coisas que eu escrevia só pra te dar razões pra enfrentar uma nova semana. Sei que seus batimentos ainda falham, por segundos, quando se engana e na multidão vê alguém parecida comigo. Sei que ainda se lembra de mim a cada gole de café e que quando olha para a xícara vazia, quase morre em meio a falta da minha presença.

Sei que ainda torce pra eu não parar de escrever, e que ainda espera ansioso pelos meus textos que falam sobre você. Sei que ainda vê o quarto girando quando, depois de muitos goles a mais, deita sozinho no escuro do quarto e mais uma vez jura que nunca beberá mais do que um copo de suco.

Sei que ainda sabe o quanto sei de ti, mas insiste em disfarçar. E sei que, em silêncio, você implora ao tempo para me apagar de vez.

Aline Spitzer.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Quando eu for embora de vez...


Vai, guarda a chave que você largou jogada do lado do sofá, tira as roupas da máquina, lave e guarde a louça que você usou, coloque o seu coração em ordem e não esquece de fechar as janelas antes que comece a chover. Eu não estarei mais aqui para te ajudar a organizar as suas coisas e te fazer companhia quando o desespero por estar sozinho bater. Espero que me entenda... espero que não me espere mais.

E quando eu for embora de vez, guarde os livros que nunca li, guarde minhas poesias, meus suspiros e minha gargalhada. Faça a barba e esqueça de adoçar o café, assim o mundo vai saber que eu não moro mais em você. Quando eu for embora de vez, tire as meias, lave as camisas e arrume a casa. Não chore, não conserve o medo, não engula as feridas, não deixe a casa sozinha e também não seja consumido pela solidão dela.

É que eu quero amor e eu acho que eu preciso partir pra te entender melhor... porque percebi que aquilo que você chamava de amor nada mais era do que uma carência disfarçada.

Nossos nós estão frouxos demais e nossos pés andam cada vez mais distantes e errantes, como se andássemos juntos para trás. Dei um voto para o nosso amor. Você votou em branco. Fomos para o segundo turno. Você fez toda a campanha em favor da nossa felicidade mas, no fim, o seu voto foi um veto: você votou nulo. Portanto, quando eu apagar as luzes e for embora de vez, aproveite e apague tudo o que existe de nosso em seu celular.

Mas amor, saiba que quando eu for embora de vez, meu coração vai ficar, meu infinito ainda vai te abraçar e se quiser vir comigo, moço, vem... porque meu mundo inteiro dorme em você.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Se você quiser partir...



Se você quiser mesmo partir, se essa sua partida é inevitável, se seu egoísmo é mesmo indispensável, se seu coração é mesmo impenetrável, vá logo de uma vez.

Não permita que eu me apegue, não permita que a gente crie laços e faça planos. Não me deixe crer no que não há verdade. Vá antes de borrar meu rímel, antes de ferir minha coragem, antes que eu jogue meu instinto de sobrevivência pela janela do 7° andar de um prédio qualquer, não me importando mais com meus próprios sentimentos. Não provoque meu medo e não destrua meu falso equilíbrio.

Apenas vá. Leve tudo o que é seu para que nenhuma lembrança sua perfure meus sorriso cheio de lágrimas. Não me deixe criar um relacionamento individual, onde eu incorporo todos os personagens e você nem é capaz de aplaudir minhas fragilidades teatrais.

Se minhas palavras embaralhadas confundem sua mente, peço paciência. Mas não ignore o que eu sou por não ter forças pra me decifrar, não fuja antes de saber o que eu posso fazer pra te dar uma vida.

Você tem medo de ser feliz? Então dividimos esse mesmo pavor doentio da felicidade, podemos partilhar o pânico de sorrir até que a tristeza não faça mais sentido pra nós dois.

Se você quiser partir, se sua partida é inevitável, se seu egoísmo é mesmo indispensável, se seu coração é mesmo impenetrável... ao menos arrisque me carregar junto de você.

Aline Spitzer.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Chão de Nuvens


Eu sou assim, sou intensa, sou sensível, sou lida no toque, sou pêlo ouriçado que guarda digitais. 

E se eu não puder ser assim, de que adianta abrir os olhos pra ver a luz do dia? De quê adianta amar e ser amada, se o requisito pra me amarem é que eu tenha meus pés no chão? Mas num chão que construíram pra eu pisar... um chão que dizem ser o correto e sólido. Se realmente fosse, não existiriam tantas pessoas fora de si mesmas vagando por aí.

O meu chão é um mix de nuvens, sonhos, cacos de vidro e ovos. É nele que coloco meus pés todos os dias, e é isso que move meus planos. Eu tenho sim meus pés no chão, mas um chão só meu, que eu recriei. E quem quiser caminhar nele junto comigo, tire os sapatos e pise com cuidado, por favor.

Se você não quiser caminhar comigo, não me deixe sem chão. E também não me diga que sou sensível demais, porque a minha sensibilidade é a minha parte boa, é ela que me acerta, e é ela quem me fez dizer palavras de amor pra você. Aquelas palavras que você nunca deu importância, aqueles sentimentos que você pisoteou. Tudo fruto da tal sensibilidade que se tornou um defeito meu pra você.


Mas a ironia é que a minha sensibilidade está discando para o seu número agora me fazendo dizer, aos prantos, que eu te amo e que te quero de volta.

Aline Spitzer.