quinta-feira, 24 de julho de 2014

Para e olha pra mim



Todo o amor que sufoquei por puro excesso de razão agora transborda, vaza, escapa, grita!
Estou só numa multidão de amores?

Eu não procuro alguém para pertencer e ter posse...só quero uma fonte segura de amor e carinho, que não dependa de obrigações, de falas decoradas e scripts prontos.

Hoje demonstro minha fragilidade, meu desamparo. Sei que abri mão de muitas oportunidades e que fiz pouco caso do amor que já me entregaram de maneira pura. Mas se pessoas estão sempre indo e vindo, então por que não vem alguém minimamente eterno em sua duração? Alguém que me fizesse parar de achar normal essa coisa de perder as pessoas pela vida.

Estou de partida, malas feitas e portas trancadas. Fico com aquela ideia de ir embora esperando que alguém me peça pra ficar. E no fundo me vem a vontade de dizer: "Ei, me impede de ir. Fica bem parado na minha frente e me diga que eu tenho um lugar por aqui, que não preciso fugir toda vez que a solidão me derruba. Me ajuda a levar uma vida feliz, afinal, é só vida". Mas aí acabo ficando calada, porque não faz sentido dizer tudo isso sem ter pra quem.

Eu quero um olhar só pra mim. Não alguém pra chamar de meu, como diz o clichê. Mas um par de olhos que me faça ficar sem nenhuma palavra, nada além de um olhar que seja meu por puro encaixe.

Quero algo certo como o frio na barriga, a respiração travada e o coração esquecendo de bater. Quero algo que me faça bem só por escapar do caminho óbvio que faço todas as noites. Uma espera no fim do dia, sabe? Essa espera. Não a espera de uma vida toda sem saber o que buscar pra ser feliz.

Nessa multidão de amores, sozinho é aquele que não espera.

Aline Spitzer