Eu sou assim, sou intensa, sou sensível, sou lida no toque, sou
pêlo ouriçado que guarda digitais.
E se eu não puder ser assim, de que adianta
abrir os olhos pra ver a luz do dia? De quê adianta amar e ser amada, se o
requisito pra me amarem é que eu tenha meus pés no chão? Mas num chão que construíram
pra eu pisar... um chão que dizem ser o correto e sólido. Se realmente fosse,
não existiriam tantas pessoas fora de si mesmas vagando por aí.
O meu chão é um mix de nuvens, sonhos, cacos de vidro e
ovos. É nele que coloco meus pés todos os dias, e é isso que move meus planos.
Eu tenho sim meus pés no chão, mas um chão só meu, que eu recriei. E quem
quiser caminhar nele junto comigo, tire os sapatos e pise com cuidado, por
favor.
Se você não quiser caminhar comigo, não me deixe sem chão. E
também não me diga que sou sensível demais, porque a minha sensibilidade é a
minha parte boa, é ela que me acerta, e é ela quem me fez dizer palavras de
amor pra você. Aquelas palavras que você nunca deu importância, aqueles
sentimentos que você pisoteou. Tudo fruto da tal sensibilidade que se tornou um
defeito meu pra você.
Mas a ironia é que a minha sensibilidade está discando para
o seu número agora me fazendo dizer, aos prantos, que eu te amo e que te quero
de volta.
Aline Spitzer.
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